Vamos imaginar a seguinte situação: em uma roda de conversa alguém fala sobre os produtos orgânicos que consome. Qual a primeira associação que vem à mente? Produto orgânico = a qualidade (mais sabor, livre de produtos químicos, produção mais sustentável etc.). E quando falamos sobre cannabis cultivada de forma orgânica? É a mesma coisa, certo? Sim, certo!
A relação é a mesma, já que a cannabis orgânica é reconhecida como mais saborosa e fornece canabinóides de qualidade. Mas você sabe como fazer esse cultivo e quais os cuidados que deve ter com a planta? Nós vamos explicar abaixo.
O que é o cultivo orgânico?
Assim como o cultivo de vegetais e frutas orgânicas, o cultivo da cannabis orgânica também precisa acontecer em um solo rico em bactérias, fungos e outros organismos vivos benéficos a esse ecossistema. Para compor esse solo se utiliza nutrientes ou compostos obtidos também com resíduos orgânicos, tudo que é sintético passa longe. Ou seja, apenas ser cultivada “na terra” não quer dizer que a planta seja orgânica. O processo de cultivo deve ser especial.
Além da terra é necessário adquirir um substrato orgânico, com eles a chance de queimar as plantas e fazer uma superfertilização é quase zero. Isso porque, ao alimentar suas plantas com substâncias orgânicas, elas só absorverão apenas o que necessitam e deixarão o resto no solo – o que também colabora para que haja um suprimento constante. Mas quais são os nutrientes e com o que você deve fertilizar as plantas?
Para obter um solo saudável, esses macronutrientes precisam necessariamente estar presentes para absorção da planta: Nitrogênio (N); Fósforo (P); e Potássio (K). Por isso, alguns dos fertilizantes mais comuns para o cultivo orgânico são:
- Torta de mamona – tem altas concentrações de Nitrogênio , por isso é uma ótima escolha para favorecer o crescimento vegetativo.
- Farinha de Ossos – esse, por sua vez, tem uma alta concentração de Fósforo além do Cálcio. A indicação é que seja usado no período de florescimento. Mas, como tem lenta dissolução, recomenda-se que seja adicionado ao solo ainda na fase vegetativa.
- Emulsão de Peixe – é uma solução líquida produzida com entranhas de peixe, às vezes tem outros ingredientes. É uma excelente escolha como “primeiro fertilizante”, para se usar em plantas novas. Sua taxa de NPK é ideal para o estágio vegetativo.
- Húmus – é o famoso cocô de minhoca rico em matéria orgânica oriunda da decomposição natural de material vegetal É bastante gentil e pode ser usado em plantas recém-germinadas.
- Composto de Algas Marinhas – ao contrário do húmus, esse composto tem cerca de 60 tipos de elementos, além de hormônios de promoção de crescimento e enzimas. É usado para assegurar que a planta está conseguindo os micronutrientes necessários.
- Bokashi – O Bokashi fornece macro e micro nutrientes de forma natural, equilibrada e na dosagem certa, não tem cheiro e libera os nutrientes imediatamente após a sua aplicação. É um produto totalmente orgânico que mantêm as plantas bem nutridas, além de manter o meio de cultivo com vida.
- Guano de morcego – Guano de morcego é um fertilizante orgânico natural que se origina a mistura de excrementos de morcegos com minerais que arrasta as águas de infiltração no interior das cavernas onde eles vivem. Durante longos períodos de tempo este estrume se decompõe e transforma-se através de um processo de compostagem em um pó inodoro de variadas cores naturais. Portador de propriedades valiosas, este adubo é rico em nutrientes principais (NPK), nutrientes (Ca-Mg – S) secundários e micronutrientes, mas o que faz com que seja realmente único e insuperável é abundante flora microbiana benéfico que sempre acompanha-o e que é muito superior aos outros adubos orgânicos.
- Micorriza – Micorriza, Mycorrhizae ou Micorrhyzum é uma associação mutualística do tipo simbiótico, existente entre certos fungos e raízes de algumas plantas.
As micorrizas formam-se quando as hifas de um fungo invadem as raízes de uma planta. As hifas vão auxiliar as raízes da planta na função de absorção de água e sais minerais do solo, já que aumentam a superfície de absorção ou rizosfera. Deste modo as plantas podem absorver mais água e adaptar-se a climas mais secos. Os fungos, como “pagamento” dos seus serviços, recebem da planta os fotoassimilados (carboidratos), que necessitam para a sua sobrevivência e que não conseguem sintetizar, pois não possuem clorofila.
Os desafios do cultivo orgânico
Para quem está acostumado com o cultivo convencional, perceberá outra diferença, que é a velocidade de crescimento da planta, que é um pouco mais lenta se comparada à do cultivo com fertilizantes químicos. Outro desafio é o cultivo indoor, por causa dos fertilizantes orgânicos. Alguns deles, como a emulsão de peixe, tem um odor mais forte, que pode incomodar algumas pessoas.
Além disso, por desenvolver todo um ambiente orgânico, podem acontecer problemas com insetos e fungos. Por ser orgânico, requer uma maior atenção e dedicação durante o processo – o que diferencia do cultivo tradicional com fertilizantes químicos, que oferecem, por exemplo, praticidade.
Na Grama nós temos tudo o que você precisa para o seu cultivo orgânico ou convencional. Tem alguma dúvida? Envie para a gente. E para saber mais sobre esse universo, não deixe de acompanhar as redes sociais: Instagram e Facebook.
*Esta matéria tem caráter exclusivamente educacional, visando democratizar o acesso à informação acerca da Cannabis, bem como seu uso terapêutico consciente. A GRAMA não incentiva qualquer prática contra as legislações vigentes e não se responsabiliza por ações de terceiros.